Da derrota da extrema direita à queda do primeiro-ministro: o que está acontecendo com a política na França

  • 05/12/2024
(Foto: Reprodução)
Crise política no país vem escalando desde junho, quando presidente Macron dissolveu Parlamento e convocou novas eleições. 'Canetada' de primeiro-ministro no orçamento foi a gota d'água. Esquerda se une à ultradireita para derrubar primeiro-ministro da França O primeiro-ministro da França, Michel Barnier, terá de deixar cargo após ser alvo de uma moção de desconfiança aprovada pelo Parlamento nesta quarta-feira (4). O episódio marca mais uma reviravolta na crise política francesa, que se intensificou nos últimos meses. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Em junho deste ano, o presidente Emmanuel Macron dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições. A medida foi uma resposta ao avanço da extrema direita no Parlamento Europeu — um movimento que aprofundou as divisões políticas no país. As eleições terminaram com a vitória de uma frente ampla formada por partidos de esquerda. No entanto, nenhum dos grupos políticos conseguiu conquistar a maioria absoluta das cadeiras do Congresso. A falta de uma base sólida para governar desencadeou semanas de impasse político, com negociações intensas para a escolha de um novo primeiro-ministro. Em setembro, Michel Barnier foi nomeado. A gestão do primeiro-ministro não agradou, e a crise chegou ao ápice após Barnier usar um dispositivo constitucional para aprovar o orçamento para 2025 sem que fosse necessária uma votação no Parlamento. Nesta reportagem você vai ver: Como foram as eleições na França A nomeação de Michel Barnier A gota d'água com o orçamento A votação que derrubou o premiê 1. Como foram as eleições na França Em junho deste ano, o presidente Emmanuel Macron anunciou que dissolveria o Parlamento e convocaria novas eleições. A decisão veio após o resultado ruim de seu partido e o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu. “Decidi devolver-vos a escolha do nosso futuro parlamentar através da votação. Estou, portanto, dissolvendo a Assembleia Nacional”, disse em pronunciamento no dia 9 de junho, afirmando que ascensão de nacionalistas é um perigo para a Europa. Pelo sistema político da França, que é semipresidencialista, os eleitores elegem os partidos que comporão o Parlamento. A sigla ou a coalizão com mais votos indica o primeiro-ministro, que governa em conjunto com o presidente. No dia 30 de junho, a extrema direita venceu o primeiro turno das eleições parlamentares: O partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen obteve 33% dos votos. A Nova Frente Popular, um grande bloco de partidos de esquerda, ficou em segundo lugar, com 28% dos votos. O bloco centrista do presidente Macron terminou em terceiro lugar, com 20% dos votos. A vantagem do partido de Le Pen colocou a extrema direita como favorita no segundo turno, com grandes chances de assumir o controle do Parlamento. Os resultados também evidenciaram a baixa aprovação do governo Macron, que enfrenta dificuldades econômicas e políticas. Diante desse cenário, candidatos centristas e de esquerda retiraram suas candidaturas para aumentar as chances de rivais moderados, numa tentativa de barrar a vitória da extrema direita. A estratégia deu certo e resultou em uma reviravolta no segundo turno. Das 577 cadeiras do Parlamento: a Nova Frente Popular, de esquerda, conquistou 182; o Juntos, de centro e governista, conquistou 168; a Reunião Nacional, de extrema direita, conquistou 143; o Republicanos, de direita, conquistou 45. Os resultados representaram um avanço da esquerda e da extrema direita, além de um recuo significativo do partido de Macron. No entanto, os partidos de esquerda ficaram longe de conquistar a maioria absoluta necessária para governar sozinhos. INFOGRÁFICO mostra como era e como fica o Parlamento da França após as eleições legislativas Arte g1 2. A nomeação de Michel Barnier Vencedora das eleições, a Nova Frente Popular tentou emplacar um nome para o governo, mas enfrentou resistências de Emmanuel Macron. Quase dois meses após o pleito, as negociações para a nomeação de um primeiro-ministro permaneciam intensas. No fim de agosto, Macron rejeitou nomear como primeira-ministra a candidata de esquerda Lucie Castets. O presidente disse que não poderia aceitar um plano de governo que atenderia somente aos interesses da Nova Frente Popular, em nome da "estabilidade institucional". Diante da recusa, lideranças da Nova Frente Popular prometeram barrar qualquer outra indicação para o cargo e ameaçaram protocolar um pedido de impeachment contra Macron. No início de setembro, o presidente anunciou que iria nomear Michel Barnier para ser o novo primeiro-ministro. Conservador, pragmático e apelidado de "Joe Biden da França", Barnier ganhou destaque por liderar as negociações do Brexit, que resultaram na saída do Reino Unido da União Europeia. Barnier assumiu com o objetivo de dialogar com as diversas forças políticas e buscar o mínimo de governabilidade para pacificar a crise política. No entanto, ele não conseguiu atingir esses objetivos. 3. A gota d'água com o orçamento Negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, em foto do domingo (25) Yves Herman/ Reuters O fracasso de Michel Barnier em acalmar os ânimos do Parlamento da França deixou o governo fragilizado. A gota d'água ocorreu nos últimos dias, com a discussão sobre o orçamento francês para 2025. O primeiro-ministro apresentou um plano de austeridade para ajustar as contas públicas. O pacote previa cortes de até 40 bilhões de euros (R$ 255 bilhões) e um aumento de impostos para gerar uma arrecadação adicional de 20 bilhões de euros (R$ 127 bilhões). O objetivo do governo é enfrentar o déficit fiscal da França, que cresceu nos últimos anos. No entanto, o plano não agradou o Parlamento, e as negociações travaram. Apesar de Barnier ter feito algumas concessões, líderes da oposição disseram que ele não atendeu às demandas de ajuste no pacote. Diante do impasse, Barnier recorreu a um dispositivo constitucional raramente utilizado para aprovar o orçamento sem votação no Parlamento. O mecanismo é o mesmo usado por Macron em 2023 para impor a impopular reforma da Previdência. A decisão de Barnier abriu uma brecha legal para que os deputados apresentassem uma moção de desconfiança, que recebeu apoio tanto de partidos de esquerda quanto de direita. 4. A votação que derrubou o premiê Miche Barnier e Emmanuel Macron Michel Euler / POOL / AFP Em uma união inédita entre a esquerda e a extrema direita, os deputados da França derrubaram o primeiro-ministro Michel Barnier nesta quarta-feira. O resultado já era esperado. Ao todo, 331 dos 574 deputados presentes votaram a favor da moção de desconfiança. Para ser aprovada, a medida precisava do apoio de pelo menos 289 parlamentares. Juntos, os grupos de oposição — extrema direita e o bloco de esquerda — somam quase 330 cadeiras. Com a moção aprovada, Michel Barnier deixa automaticamente o cargo. Ele se tornou o segundo premiê na história da França a ser derrubado por uma moção de censura. O primeiro foi Georges Pompidou, em 1962. Além disso, Barnier agora detém o título de primeiro-ministro com o mandato mais curto desde a Segunda Guerra Mundial, permanecendo no cargo por apenas dois meses. Agora, cabe a Macron decidir entre negociar com os partidos majoritários no Parlamento ou indicar outro nome para o cargo, uma decisão que pode gerar uma nova onda de protestos e desgastar ainda mais seu governo. Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmaram que o presidente deve optar por indicar outro nome, mesmo diante do risco de mais desgaste político. Macron fará um pronunciamento nesta quinta-feira (5). Composição do Parlamento da França Kayan Albertin/g1 VÍDEOS: mais assistidos do g1

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/12/05/da-derrota-da-extrema-direita-a-queda-do-primeiro-ministro-o-que-esta-acontecendo-com-a-politica-na-franca.ghtml


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